Фернандо Пессоа - Банкир-анархист и другие рассказы
Название: | Банкир-анархист и другие рассказы | |
Автор: | Фернандо Пессоа | |
Жанр: | Классическая проза | |
Изадано в серии: | ||
Издательство: | Центр книги Рудомино | |
Год издания: | 2016 | |
ISBN: | 978-5-00087-081-5 | |
Отзывы: | Комментировать | |
Рейтинг: | ||
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Краткое содержание книги "Банкир-анархист и другие рассказы"
Фернанду Пессоа (1888–1953) достаточно давно известен отечественному читателю как поэт. Первые переводы его стихотворений на русский язык появились в 1970-е годы, сначала их было немного, затем накопился достаточный объем для первого отдельного издания, которое вышло в свет в 1978 году. Позднее появилось еще несколько изданий, но ни в одном из них не была представлена проза поэта, которая занимает существенное место в его наследии и с точки зрения количественной, и с точки зрения литературного качества и значимости. Эта книга — первый опыт издания прозаических произведений Ф. Пессоа в переводе на русский язык.
Читаем онлайн "Банкир-анархист и другие рассказы". [Страница - 50]
E o outro respondeu: «Não posso concordar».
— Concorda, não é verdade, em que a verdadeira Igreja é a Igreja de Cristo?
E o outro respondeu: «Sim, talvez, não sei se concordo».
— Concorda, não é verdade, em que a verdadeira Igreja é a que quer o bem da humanidade?
E o outro respondeu: «Com reservas, concordo».
— Concorda, não é verdade, em que a verdadeira Igreja é a que for a verdadeira Igreja?
E o outro respondeu: «É claro que concordo».
— Se estamos, pois, de acordo — disse o católico —, vamos jantar juntos.
Assim fizeram, e como o católico não ficou ofendido e doesse ao cristão a possibilidade de o haver ofendido, foi o católico que comeu com vontade e o cristáo quem, por sua vontade, pagou a conta.
Moralidade:
Esta pergunta, mas da qual — a resposta de Lope de Vega, que se está em 1900.
O papagaio
Havia em um dos arrabaldes de Lisboa um homem chamado Silva. Este Silva casou, já pouco jovem, com uma viúva que tinha uma filha quase mulher. A mulher do Silva passou logo a dominá-lo; e a enteada, à medida que crescia, mais e mais ajudava a mãe no dominio do padrasto.
O Silva passou a ser um trapo humano. Deixou de ter personalidade, vontade e lugar. Em tudo na vida doméstica como na prática, era um servo da vontade da mulher, quando o não era da vontade, por vezes até espontânea, da filha déla.
Como o domínio gera o desprezo, e o desprezo permite tudo, a mulher do Silva, apesar de não ser de espírito leviano, foi levada, pelas circunstáncias, a trair o marido. O amante, que era um indivíduo que fora promovido a primo déla para efeitos decorativos, foi elevado a quase residente na casa, e o Silva que não podia ignorar a sua categoria sexual, tinha que o receber, que lhe sorrir bem e que lhe exprimir, por palavras e modos, o prazer que lhe dava a sua excessiva visita. E assim fazia o Silva.
Mais tarde, conseguiu a mulher do Silva que o amante fosse nomeado por este gerente e mandatário das suas propriedades, dele Silva. E assim seguia e se consumava o domínio do marido, mero animal pagante naquela engrenagem de domesticação.
Ora o Silva tinha um papagaio — ave já velha e nem por isso muito esperta: gritava mais do que falava, e, quando falava, era sempre a mesma coisa. Um dia a mulher do Silva, maçada, muito naturalmente, com o vozear do pássaro, ergueu-lhe o poleiro da escápula sobre o quintal e vendeu-o a um viandante qualquer.
Quando o Silva voltou, à noite, para casa, e lhe faltou, de aí a minutos, a voz rouca da ave, procurou-a na escápula da parede sobre o quintal, não a viu, e foi à casa de jantar perguntar à mulher por ele.
«Vendi-o» disse ela, e enteada ria. O Silva retirou-se como de costume, sem dizer nada.
Foi, porém, ao quarto de cama, tirou o revólver da gaveta da mesa de cabeceira, voltou à casa de jantar e, com dois tiros calmos, certos e sucessivos, matou a mulher e a enteada.
Moralidade:
Nações imperiais e dominadoras, expansivas, cuidado sempre com o papagaio!
A varina e a lógica
Quando as quatro varinas corriam em losango pela rúa e ao lado, a do avanço, loura e com olhos, deu com o instinto de troça contra o homem moço de barbas de velho que vinha tendo ar de sábio pelo passeio às avessas. E parou, e, instintivamente, os transeuntes pararam. E ela largou a mão de alto, de sobre a canastra, apontou para o homem e disse:
— Olhem para este barbaças.
Toda a paisagem humana riu junta.
O homem mogo de barbas velhas parou à beira do passeio como de um cais, olhou abstracamente a varina, e disse num tom triste:
— Bem se vê que foi tua avó que te pariu!
A varina estacou mais, corou, emudeceu com uns poucos de silêncios, e em torno rebentou, depois de um pouco, uma gargalhada do público já trespassado. Não se distinguía se a gargalhada era da resposta, se da confúsáo muda da varina loura.
O homem moço passou, levou as barbas de velho escondidas pelas costas viradas ao público que o aplaudira. Depois, num café, contou o episódio a um amigo. O amigo ouviu, riu, e depois não pôde rir. Por fim fez um gesto em que a face era envergonhada a medo.
— Você desculpe. Eu serei talvez estúpido, ou estarei estúpido hoje. Mas o que quer isso dizer?
— Não quer dizer nada, respondeu o outro. E aí é que está o golpe.
Moral:
Confundir é vencer.
notes
Примечания
1
Заметим, что единственная монография о Пессоа, написанная на русском языке, тоже посвящена гетеронимам: Хохлова И. А. Поэтические маски Фернандо Пессоа. СПб, 2003.
2
Перевод осуществлен по версии оригинального текста, размещенного на сайте Arquivo Pessoa (http://arquivopessoa.net/textos/3007).
3
Португальская поэзия XX века / Сост. и предисл. Е. Голубевой. М.: Худож. лит., 1974.
4
Пессоа Ф. Лирика / Сост. Е. Витковского, предисл. Жасинто до Прадо Коэльо. М.: Худож. лит., 1978.
5
Пессоа Ф. Лирика / Предисл. Е. Ряузовой. М.: Худож. лит., 1989.
6
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